domingo, setembro 11, 2005

Quais princípios cristãos, cara-pálida?


Realizou-se há pouco a Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, e a ela o Presidente Lula enviou uma carta, na qual se comprometia a governar o país observando os princípios cristãos. Boa notícia, aparentemente...

Acontece que Lula sofre de um mal bastante comum, disseminado pela mentalidade moderna. O termo “cristão”, para o presidente da República, é vago, sem muita precisão conceitual. Ele mesmo já declarara que sua fé cristã era assunto meramente de foro íntimo, como se na relação com Deus não houvesse uma dimensão obrigatoriamente pública. Ninguém é católico na vida privada, e ao mesmo tempo indiferente, ateu ou anticatólico na esfera social. Seria uma incoerência terrível!
As palavras de Lula aos Bispos são, realmente, vazias, pois, se de um lado, reitera a disposição de conduzir o Estado brasileiro na observância dos valores próprios do cristianismo – religião da esmagadora maioria dos súditos –, por outro, continua a incentivar exatamente o contrário! Seu Ministério da Saúde continua a apoiar o aborto e a promiscuidade sexual. Seu Ministério do Desenvolvimento Agrário continua a promover o confisco da propriedade rural particular. Seu Ministério da Fazenda continua com a sanha arrecadatória. Seu Ministério da Justiça continua empenhado no desarmamento, tolhendo o exercício da legítima defesa. Seu Ministério da Cultura continua exaltando o homossexualismo, patrocinando paradas gay, e homenageando, como recentemente noticiado, a militância lésbica, qualificando-a, até, de “expressão cultural”. Seu Ministério das Relações Exteriores continua a estabelecer a formação de uma quase comunidade entre os regimes socialistas, todos francamente perseguidores da Igreja: Cuba, China, Venezuela e Argentina, principalmente.
Com tudo isso, Lula ainda diz que seu governo é cristão? Que se decida: é cristão, com todas as suas implicações – entre as quais, a imediata mudança das políticas acima –, ou não é cristão, e o assume com todas as letras, em (rara) demonstração de honestidade intelectual! Por que não tem a coragem de declarar aquilo que é, de verdade, socialista, inimigo de fato da Fé Católica? Lula não é cristão porque crê em doutrinas em que não são cristãs. E o governo de Lula não é cristão porque desenvolve práticas diametralmente antagônicas aos ensinos cristãos.
De nada adianta mandar cartinhas para a CNBB – talvez querendo apoio da parcela dos Bispos ainda favoráveis à marxista, e por isso herética, teologia da libertação, nessa hora de corrupção generalizada por parte do PT –, bradar que é cristão, e comungar no Vaticano, porém agir de outro modo, justo o oposto? Que cristianismo é esse, cara-pálida? Cristianismo na boca, mas não nas ações?
Nosso atrapalhado supremo mandatário faria melhor papel se assumisse, de vez, que não é cristão. Se fosse coerente. Se deixasse de dizer-se católico quando, na prática, na hora em que provamos a real religião de alguém, é dos mais radicais adversários dos postulados da Igreja.

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Cân. 750 – § 1. Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.

§ 2. Deve-se ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas.

Cân. 752 Não assentimento de fé, mas religioso obséquio de inteligência e vontade deve ser prestado à doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos Bispos, ao exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a fé e os costumes, mesmo quando não tenham a intenção de proclamá-la por ato definitivo; portanto os fiéis procurem evitar tudo o que não esteja de acordo com ela.