terça-feira, dezembro 20, 2005

Notícia do ZENIT: Laicidade significa distinção de poderes, não oposição; declara Bento XVI

Laicidade significa distinção de poderes, não oposição; declara Bento XVI
Ao receber as cartas credenciais do novo embaixador da França


CIDADE DO VATICANO, 19 de dezembro de 2005 (ZENIT.org).- Para Bento XVI, a laicidade significa em «sã distinção» entre os poderes, não oposição.

O pontífice discutiu a questão ao receber as cartas credenciais do novo embaixador da França na Santa Sé, Bernard Kessedjian (1943), que até agora era representante permanente da França no Escritório das Nações Unidas em Genebra.

O próprio bispo de Roma fez referência no discurso que dirigiu em francês ao centenário que se cumpriu em 9 de dezembro passado da lei que instituiu na França a separação entre as Igrejas e o Estado.

Com esse motivo, João Paulo II dedicou uma de suas últimas cartas, datada em 11 de fevereiro, dirigida aos bispos da França, a oferecer a visão da Igreja sobre o princípio de laicidade (Cf. Carta por ocasião do centenário da lei de separação entre Estado e Igrejas).

Bento XVI, no discurso que dirigiu ao representante do presidente Jacques Chirac, inspirando-se naquela carta de seu predecessor, declarou que «o princípio de laicidade consiste em uma sã distinção dos poderes, que não é nem muito menos uma oposição e que não exclui a Igreja de uma participação ainda mais ativa na vida da sociedade, no respeito das competências de cada um».

Segundo o Papa, «uma concepção assim deve promover ainda mais a autonomia da Igreja, tanto em sua organização como em sua missão».

Por este motivo, considerou «muito positivo que se dêem encontros de instâncias de diálogo entre a Igreja e as autoridades civis».

«Estou seguro de que isto permitirá fazer que contribuam ao bem dos cidadãos todas as forças comprometidas e que dará frutos na vida social», assegurou.

Código: ZP05121905
Data de publicação: 2005-12-19

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domingo, dezembro 18, 2005

Mais à esquerda do que aparenta

Esta é a realidade, expressa no título: o Partido dos Trabalhadores não deixou de ser socialista para se aliar à direita, às elites, aos banqueiros, ao "projeto neoliberal de FHC, de Bush, da ALCA e do FMI", como gritariam Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro. Ainda que aparente ter traído seus "princípios proletários", o PT está é colocando em prática a mais primitiva das técnicas apregoadas por Lênin, a da criação das condições propícias de tomada de poder.


Vejam bem: com o discurso radical contra a propriedade privada, contra o respeito aos contratos, a favor da estatização das empresas, o PT amargou duras derrotas de seu eterno candidato Lula à presidência da República. A mudança de tom era necessária. Não porque o PT mudara, mas para atrair os incautos e, de outra maneira, mais sutil, destilar o veneno marxista em doses homeopáticas. Assim, galgando os degraus do Planalto, Lula mostrou-se mais flexível, e até foi pedido ao MST e à CUT que tolerassem o fingimento do PT fazendo-se centrista. Já no poder, tratou o Partido de desenvolver trabalho dúplice: fortalecia a economia de um modo quase-direitista (notem o quase, pois se direitista fosse, não haveria essa absurda taxa de juros destroçando a classe média, a propriedade privada e a livre-iniciativa, os pilares de uma ordem realmente conservadora); e, por outro lado, aumentava tributos, manipulava o Parlamento com mensalões, aparelhava o Estado, fortalecia os vínculos com Cuba e a Venezuela de Chávez, patrocinava com dinheiro público as passeatas de grupos campesinos em suas desordens de costume, e, em açóes menos visíveis, elogiava ex-guerrilheiros comunistas, subvencionava históricos programas igualitários (pró-homossexuais, pró-aborto, pró-confisco da propriedade rural, v.g.), tudo em consonância com os postulados socialistas.



Se o PT agisse de modo mais explicitamente esquerdista, seria defenestrado dos palácios que ora ocupa. Sorrateiramente, cobriu com um espetáculo um pouco menos vermelho, tal qual cortina de fumaça, a ação típica de seu programa favorável ao totalitarismo.



Agora protestam os extrema-esquerda contra Lula, mas por não entenderem que, no momento presente, o interesse da Revolução é posar de boazinha, melhorar a saúde financeira das empresas (quem quer tomar para si sociedades instáveis e sem lucratividade?), aparentar certo direitismo. O PT age à moda de Gramsci e Lênin, e não como os juvenis Mao e Che. É, assim, mais comunista (e traiçoeiro) do que os PSTU, P-SOL e PCOs da vida! O PT não se corrompeu por causa da direita. Apenas colocou as unhas de fora, teimando no esquerdismo que não pensa ser corrupção nada que o Partido sancione como justo, pois, conforme a máxima gramsciana, tudo é permitido ou proibido, virtuoso ou criminoso, somente segundo o que define sua própria cartilha.


quarta-feira, dezembro 07, 2005

A defesa de Jasna Gora


Comemoramos, em 2005, os 350 anos da defesa militar de Jasna Gora. Naquela ocasião, invadindo os suecos a católica Polônia, não puderam vencer os que se enclausuraram nesse famoso santuário marino, o qual abriga o ícone da Virgem de Czestochowa, tão venerada pelo saudoso João Paulo II.


Jasna Gora, convertida de igreja em fortaleza intransponível ao invasor, representa o coração da pátria polonesa. Em toda a sua gloriosa história, soube a Polônia manter, ao mesmo tempo, sua característica nacional eslava e sua fidelidade à Sé Apostólica. Ao contrário de sua poderosa irmã Rússia, pôde, com parte da Ucrânia (seja de rito latino, seja greco-católico) e minorias de outros países do Leste Europeu, continuar o autêntico eslavismo sem, com isso, renunciar à fé católico, apostólica, e romana.


A histórica defesa de Jasna Gora, outrossim, evoca fatos semelhantes protagonizados pelo espírito polonês: a resistência aos czares e seus apaniguados da cismática Igreja russa, mal-chamada ortodoxa; a célebre Batalha de Legnica, em 1241, em que a Polônia deteve a invasão do exército mongol que se precipitava sobre a Europa; a contribuição de Pawel Wlodkowic na formação de um sadio Direito Internacional, baseado na soberania dos Estados, na dignidade da pessoa humana, na fraternidade entre os povos, e nas diretrizes católicas e humanísticas da doutrina social da Igreja; o incentivo à unidade entre Roma e os cristãos eslavos e bálticos de rito oriental, que, sem deixar seus costumes, sua disciplina e sua liturgia próprios, aceitaram a autoridade do Papa; e a esplêndida vitória cristã contra os turcos otomanos, comandada pelo rei polonês João III Sobieski, em 1683, a qual fez recuar, por anos, a ameaça bélica muçulmana sobre a Cristandade.


É dessa Polônia aguerrida e fiel, dessa Polônia de Sobieski e de Legnica, dessa Polônia da União de Brest, dessa Polônia do Cardeal Wyszynski, inimigo capital do marxismo, dessa Polônia de Jasna Gora que, enfim, recordamos as virtudes. Vítima dos infiéis e dos cismáticos, e, em boa parte do século XX, também dos comunistas, resistiu firme às tempestades, como um símbolo da Igreja indefectível cuja fé molda sua nação. A Polônia de Karol Wojtyla, primeiro de sua raça a ocupar o trono de São Pedro, só conseguiu sobreviver a tantos percalços (especialmente a ocupação nazista e a ditadura socialista) por sua inquebrantável fidelidade a si mesma, à sua identidade católica. Patriótica, convicta de seus valores, não sucumbiu ao pensamento moderno, e alimenta o progresso com a tradição.


"Queremos ver a Europa baseada na ética cristã." (Maciej Giertych, deputado polonês ao Parlamento Europeu) Esta a aspiração polaca. A mesma que impede o avanço das modas contrárias à alma do Velho Continente, que caminha a passos largos em outros países. "Os efeitos do conservadorismo religioso na Polônia foram sentidos em 2003, durante a redação da Constituição Européia, quando Varsóvia argumentou que o preâmbulo deveria fazer menção à herança cristã da Europa." (Graham Bowley; Herald Tribune)



Somente assim segue indestrutível como o santuário de Jasna Gora, dizendo um retumbante "não" aos que lhe querem impor a união homossexual, o aborto, e o laicismo da União Européia contemporânea. Hoje, como dantes, a Polônia não defende só a si. A Polônia é o forte que defende a própria Europa daqueles que a tentam desfigurar.

Cân. 750 – § 1. Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.

§ 2. Deve-se ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas.

Cân. 752 Não assentimento de fé, mas religioso obséquio de inteligência e vontade deve ser prestado à doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos Bispos, ao exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a fé e os costumes, mesmo quando não tenham a intenção de proclamá-la por ato definitivo; portanto os fiéis procurem evitar tudo o que não esteja de acordo com ela.