sábado, setembro 24, 2005

FATOS DE VIDA - Eleições na Alemanha

Inauguro a nova seção "Fatos de vida", que pretendo seja freqüente. Trata-se de uma postagem rápida de frases, expressões e links com curtos comentários, pelo método VER-JULGAR-AGIR, sobre temas instigantes de cultura, política, história e sociedade, que possam servir para uma ação apostólica concreta, e boa formação humanística, espiritual e intelectual dos leitores do blog.
O fato de vida que iremos explorar hoje é a possível indicação de Angela Merkel para o cargo de primeiro-ministro (chanceler) da Alemanha. Merkel é tida, pela opinião pública, como conservadora, e da plataforma de seu partido, a União Democrática Cristã, constam a retomada de uma aliança com George W. Bush, a restauração dos valores culturais cristãos, o combate ao aborto e ao "casamento" homossexual, o incentivo às famílias para que tenham mais filhos, a redução do papel do Estado na economia e na sociedade (com contraste com as tendências pró-socialistas anteriores), entre outras.
VER (descrição do fato; fatos paralelos: casos semelhantes que ajudem a enriquecer o acontecimento comentado; causas que possivelmente deram origem ao fato; conseqüências que este fato teve ou tem sobre a sociedade, a Igreja e a vida particular das pessoas)
* Alemanha, com suas tendências liberais e socializantes (com o apoio dos ideológicos Verdes) mostra-se distante da cultura católica e mesmo do cristianismo de matriz protestante, negando seu passado (Império Carolíngio, Sacro Império Romano Germânico, as relações com a Áustria, país também alemão, e muito católico, etc).
* Sua população parece estar farta da modernidade, do discurso politicamente correto, parece querer retomar sua identidade, o orgulho de ser alemão (sadio patriotismo, sem cair nos exageros do nacionalismo, que, aliás, é também um modo de pensamento moderno, portanto nefasto e negado pelo autêntico "conservadorismo"). Usa a eleição parlamentar como maneira de demonstrar sua insatisfação com o governo liberal-esquerdista, desejando, ao que tudo indica, uma retomada dos valores humanísticos da Alemanha de sempre, dos valores cristãos que a moldaram na Idade Média.
* Há, aliás, uma crescente inclinação européia para certo conservadorismo: a vitória da direita nas últimas eleições municipais na França, o "não" à Constituição da União Européia também na França e mesmo na liberalíssima Holanda, o crescente apoio aos movimentos monárquicos em Portugal e no Leste Europeu.
* A eleição do socialista Zapatero, na Espanha, aparece como uma provável liderança antagônica ao conservadorismo que se vai acentuando.
* O próprio Papa Bento XVI é tido por "conservador", o que mostra que o Espírito Santo talvez esteja preparando os homens para uma grande mudança em nossa sociedade secularizada, laicista e perseguidora do autêntico humanismo cristão.
* Não esqueçamos que o Papa é alemão, e por isso poderá ter excelentes relações com Merkel, e trabalhar para uma real restauração cristã na Alemanha. O partido de Merkel recebe, outrossim, o apoio de outro, a União Social Cristã da Baviera, com sede no Estado do qual o Sumo Pontífice é originário.
* Na América, a reeleição de George W. Bush e o "não" esmagador nos referendos sobre "casamento" homossexual em todos os Estados federados que o promoveram, mostram como a população estadunidense quer mais visibilidade para sua identidade cristã, quer uma sociedade construída sobre os valores do Evangelho, conservadora, tradicional, permeada de cultura humanística e cristã, totalmente contra-revolucionária.
* A Europa atravessa uma crise de identidade, e, com o surto de conservadorismo (também verificado nos EUA, embora a América Latina esteja inclinando-se para a esquerda com Cuba, Venezuela, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, e, muito provavelmente, o México com a saída de Fox) e resgate de valores tradicionais, aponta buscar um novo caminho. Se agirmos bem, este será o de Cristo Rei. Caso contrário, da morte de uma ideologia (o secularismo, o liberalismo, o iluminismo, enfim, o pensamento moderno), poderá nascer uma nova, pior!
JULGAR (juízos humanos: virtudes ou valores que ajudem a compreender o fato, e possíveis contra-valores; juízos evangélicos: buscar frases da Escritura que iluminem a compreensão do fato)
* O homem tende à verdade, aspira o bem.
* Temos de discernir as etapas da Revolução, na esteira do pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira, Donoso Cortés, Joseph de Maistre, Roberto de Mattei, Paul Hazard.
* Dos escombros do Império Romano, moralmente arruinado, surgiu a Cristandade Medieval. Dos escombros da modernidade, surgirá uma nova sociedade católica? Depende de nossas ações apostólicas e do fiel cumprimento de nossos deveres de estado (além, é claro, do cultivo da vida interior, alma de todo apostolado).
* Nosso Senhor disse: "não vim trazer a paz, mas a espada".
AGIR (propostas concretas de apostolado e formação)
* Ler as notícias sobre o assunto.
* Estudar sobre Idade Média e União Européia, principalmente em http://www.veritatis.com.br/
* Buscar uma difusão, nos círculos de amizade, dos valores perenes: pró-vida, família tradicional, propriedade privada, subsidiariedade, dignidade da pessoa humana, relações sadias entre Estado e Igreja, sacralidade das estruturas temporais etc.
* Rezar pela Alemanha, para que a Santíssima Virgem interceda junto a Deus na restauração da sociedade cristã tradicional em tão importante país, sobretudo a partir da eleição de Angela Merkel e sua União Democrata Cristã.

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Cân. 750 – § 1. Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.

§ 2. Deve-se ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas.

Cân. 752 Não assentimento de fé, mas religioso obséquio de inteligência e vontade deve ser prestado à doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos Bispos, ao exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a fé e os costumes, mesmo quando não tenham a intenção de proclamá-la por ato definitivo; portanto os fiéis procurem evitar tudo o que não esteja de acordo com ela.