quarta-feira, outubro 05, 2005

Conciliação por covardia


A paz não é meio, é fim. E, por ser fim, requer, para que a alcancemos, que nos utilizemos de um meio. Por sua vez, é necessário efetuar uma escolha de qual meio utilizar, é preciso fazer um juízo de valor dos meios disponíveis, elegendo o reputado mais adequado e conveniente.
Como substituímos, nos últimos 70 ou 80 anos, a faculdade de pensar pela incrível e idiotizante capacidade de assimilar e repetir bordões sem sentido, politicamente corretos, e permeados de sofismas, é cada vez mais comum que, com os dados da realidade não raciocinemos. Ao invés de lançarmos mão dessa ferramenta (desconhecida de tantos) chamada intelecto, contentamo-nos com as frases feitas, com os chavões vomitados pelos "formadores de opinião" - geralmente pessoas sem o menor conhecimento do que falam, o que os faz detentores de um formidável poder de proferir imbecilidades.
Nessa esteira, a paz muda-se, na prática, em meio, não mais considerada uma meta. Como é meio, torna-se recurso a ser observado - para fins, às vezes, escusos. Exemplifico. Um assassino investe contra uma adolescente desarmada. A pretexto de ser pacífico, o pai da jovem não a defenderá, inclusive com (proibidas pela burocracia hipócrita) armas de fogo? Se a paz é fim, pode ser alcançada, às vezes, com comportamentos ordenadamente violentos.
Note, leitor: ordenadamente! Quando a paz se converte de fim em meio, até o recurso à justa e ordenada violência (legítima defesa) torna-se condenável... Igual sentido teve a omissão de Chamberlein frente a Hitler. Viu inerte o monstro totalitário avançar sobre a Europa, invocando a paz como desculpa. Melhor fez Churchill: para alcançar a paz - fim -, entendeu a necessidade de eliminar o nazismo pelo conflito bélico. A conciliação pode ser um bem, um ótimo meio de alcançar a paz.
Não obstante, se o pacífico se transforma em pacifista, os maiores crimes e os mais grotescos absurdos viram "toleráveis" para manter um conceito esquisito de paz. Esta, em verdade, é a justiça, é a tranqüilidade na ordem, não a conciliação a qualquer preço. O amor à paz não pode ser sinônimo de covardia.

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Cân. 750 – § 1. Deve-se crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias.

§ 2. Deve-se ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas.

Cân. 752 Não assentimento de fé, mas religioso obséquio de inteligência e vontade deve ser prestado à doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos Bispos, ao exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a fé e os costumes, mesmo quando não tenham a intenção de proclamá-la por ato definitivo; portanto os fiéis procurem evitar tudo o que não esteja de acordo com ela.