O maniqueísmo é tão fundamental no pensamento da esquerda que, agora que por seus valores (igualitarismos dos mais variados matizes: cotas, feminismo, militância gay, ecologismo radical) somos comandados, seja pelo governo, seja por parte de uma decadente elite urbana arvorada em “moderna”, pintam os socialistas um quadro dos mais simplórios, tão típico de suas utopias. De um lado, estariam os progressistas e suas bandeiras vermelhas, suas lutas por reforma agrária, pelos índios, pelas mulheres, pelos homossexuais, seus fóruns sociais mundiais e seu estranho conceito de democracia. Na outra frente, conforme o delírio politicamente correto dos proto-comunistas, residiriam os liberais e conservadores, os fascistas, os que a todos odeiam, os representantes da burguesia e da aristocracia.
Simplificação da realidade, que, de fato, a nega, em clássica manobra ideológica, tal situação é inexistente. Sem embargo da preguiça mental do homem contemporâneo, e sua notória incapacidade para o raciocínio mais profundo e complexo, não se lhe poderia escapar uma constatação evidente: liberalismo e totalitarismo (fascista ou socialista) são da mesma matriz filosófica. A ampla liberdade defendida pelos liberais dos séculos XVIII e XIX deitava suas bases no conceito da verdade relativa. Negando o absoluto, a verdade objetiva, poucos passos foram necessários para que o liberalismo se transformasse em comunismo ou em nazismo. “O totalitarismo nasce da negação da verdade em sentido objetivo: se não existe uma verdade transcendente (...), então não há qualquer princípio seguro que garanta relações justas entre os homens. Com efeito, o seu interesse de classe, de grupo, de Nação, contrapõe-nos inevitavelmente uns aos outros.” (Papa João Paulo II. Encíclica Centesimus Annus, 24)
Paul Hazard, em duas obras já clássicas, expõe lucidamente a filiação natural do nazi-fascismo e do socialo-comunismo ao liberalismo iluminista, de inspiração francesa e triunfante em 1789 (o iluminismo inglês e a Revolução Americana são de outro sabor). Daí, não se pode opor fascismo e comunismo, como se os não-esquerdistas fossem seguidores de Hitler, Mussolini ou Plínio Salgado. Tampouco é justo dar ao liberalismo laicista, que continua a fazer estragos à França de Chirac, o epíteto de direita conservadora.
Ensina o célebre e douto dominicano, Fr. Garrigou-Lagrange, OP, falecido sacerdote fidelíssimo ao Papa e seu Magustério, e tido por muitos o maior teólogo do século XX: “é preciso não confundir a verdadeira direita com as falsas direitas, que defendem uma ordem falsa e não a verdadeira. Mas a direita verdadeira, a que defende a ordem fundada sobre a justiça, parece ser um reflexo do que a Escritura chama a direita de Deus, quando que Cristo está sentado à direita do seu Pai e que os eleitos estarão à direita do Altíssimo.” (O Legionário – jornal da Arquidiocese de São Paulo, 11 de setembro de 1938)
Por seu ódio à Civilização Cristã e às sadias tradições, o nazismo – irmão-gêmeo do comunismo, inclusive no nome (nacional-socialismo) – e o liberalismo radical não merecem outro apelido que o de falsa encarnação da direita autêntica. É ela que, por fraqueza ou conivência, não ataca devidamente a esquerda, como temos visto em muitos partidos brasileiros, e a torna cada vez mais forte. Só com a verdadeira direita venceremos o comunismo e teremos o esplendor da legítima democracia “neste país”.
10 comentários:
Sem sombra de dúvidas temos uma esquerda que age na "moita", aliás como toda esquerda que quer chegar ao poder e se veste de boa moça tentando botar ordem na casa, e, por outro lado, as várias falsas direitas a que você se refere em seu texto. As falsas direitas, ao meu ver, podem ser mais perigosas ainda do que a esquerda discarada. A falsa direita traz um ideal totalmente avesso e transfigurado, algo que pode confundir muitos por ai.
Concordo plenamente. O grande problema é que hoje não temos uma direita conservadora. Aliás, os partidos estão se dizendo todos de "centro esquerda", com medo da má aceitação dos eleitores. Precisamos de políticos sérios e corajosos que se posicionem como conservadores de direita! Um abração.
Francisco Camillo (do Caminho Neocatecumenal)
Estou (re)iniciando meu blog: fcamillo.blogspot.com Aos poucos vou colocar como esses que vc escreve.
Se tiver sugestões, serão bem vindas!
Gostaria de comunica-los que devida a lentidão insuportável do blog.com o Apologeta esta agora em novo endereço.
http://apologeta.blogspot.com
Peço o favor de corrigir a indicação do mesmo em sua lista de links.
Obrigado
Dr Rafael não está na hora de nós católicos brasileiros nos mobilizarmos para criar juntos um partido que realmente defenda o bem comum e a justiça ? Não está na hora de nos unirmos neste sentido ?Eu acho que temos que sair da toca e liderar um movimento católico pro criação de um partido que defenda a verdade ;se não fizermos nada a esquerda tomara conta de nosso pais ...o sr . que é bastante conhecido no meio católico deveria e poderia liderar este projeto
Rafael Gonçalves de Queiroz
Nova Iguacu/rj
Não subscrevo partes de um post excelente, como excelente é o blogue.
Vim ler e conhecer.
Boa noite.
Se puder tenho lá um assunto em que gostava de ouvir várias opiniões.
Bom fim de semana e um abraço.
Boa semana e um abraço.
Na próxima sexta-feira, dia 20, realiza-se uma oração de TaiZé pelo Darfur , às 19h45m, na Igreja de S. Nicolau, na Baixa de Lisboa.
Participa e divulga! Se não puderes estar presente, reza na mesma.
bjs em Cristo
Maria João
Fé e Missão (Missionários Combonianos)
Fantástico seu blog. Tomei a liberdade de publicar no meu (respeitando, é claro a fonte) um artigo seu que gostei muito - aquele entitulado "Nós, a maioria".
Quando puder, passe lá.
http://ecclesiaedei.blogspot.com/2007/08/ns-catlicos.html
Paz e bem
Este meu comentário não tem a ver com este post propriamente dito, mas ao seu bolg de maneira geral. Ele está muito bom e portanto, deixo aqui minhas congratulações e incentivo para que você continue sua missão de esclareciemento, evangelização e defesa da fé católica.
Abraço.
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