sábado, setembro 24, 2005

República Corruptiva do Brasil

Não foi Delúbio nem Zé Dirceu o inventor da roubalheira política. A corrupção parece intrínseca à república brasileira. Desde seus albores, não só o desvio do dinheiro público esteve presente, como também os sobressaltos institucionais, o fisiologismo em nome de uma caricata governabilidade, seis Constituições, a ausência de doutrinas políticas sólidas na maioria dos partidos, a brusca mudança de programas e plataformas (saudada como se sempre fosse uma virtude, a chamada alternância de poder), a confusão entre Estado e governo, os conchavos, as intrigas, as tentativas de assassínio. Sua própria fundação foi um golpe de Estado dos mais dramáticos em nossa História, a ponto de expulsar de sua pátria Dom Pedro II – o maior estadista do Brasil –, proibindo seus filhos de rever a terra que tanto amavam.
Sem o respaldo do povo, a forma republicana foi imposta e consolidada na ponta da espada, por exemplo, com o massacre de Canudos – Conselheiro era louco, mas o que as tropas federais lá fizeram está mais para a carnificina. Só com a linha dura de Floriano Peixoto e Júlio de Castilhos, o novo regime viu-se vencedor, o que a prova que a população não era republicana em sua maioria. Até mesmo o partido que comandou a quartelada não tinha força política suficiente: em vez de promover a transição no voto, o fez de modo autoritário, pois tinha parte do oficialato do Exército sob seu jogo. E justamente quando mais o Brasil crescia, é que seu desenvolvimento foi tolhido por Deodoro.
Dessa maneira mesquinha nasceu, e com ações muito piores tomou corpo. Atentou a república contra a identidade cultural nacional, impondo ao povo cristão a religião positivista – com o temerário lema inscrito no pavilhão nacional, e suas novas Escrituras na Carta Magna tirada do (completamente diferente) Direito americano, e na ditatorial Constituição castilhista do RS. Interesses privados contrapostos levaram a uma sucessiva disputa de poder, na qual rareou a lealdade. Do Café-com-Leite ao Estado Novo e à recente esquerdização do país, quase sempre se saiu vitorioso o bem particular em detrimento do público. Agigantou-se o monstro estatal, e o Brasil permanece no atraso que não conheceu à época do Império.
Só com um Chefe de Estado acima das manobras eleitoreiras e impermeável ao jogo partidário, que consiga liderar a Nação sem dividi-la, e possa ser um líder moral perene – sem ser substituído artificialmente a cada quatro anos –, poderemos ter um Brasil forte. Só com um governo que tenha maioria no Parlamento por mérito próprio – e não por ajustes maliciosos e “mensalões” – é que poderão os brasileiros retomar sua saga de grandes conquistas, seguindo os passos dos heróis da pátria.
Reforma política que se preze não pode deixar de discutir a possível restauração da monarquia parlamentarista no solo brasílico, tão tristemente abatido pelo desgoverno desde o fatídico e inglório 15 de novembro, que certamente deveríamos relembrar com o mais pesaroso luto.

Um comentário:

  1. Seus posts, escritos com tanto esmero , fazem com que seja sempre um prazer visitar este espaço! Parabéns!
    Cordialmente,
    Marina

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